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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mascote


Há algumas semanas recebi um presente do meu primo que mora em Itatiba.
Ao abrir o pacote enxerguei um patuá com tudo que lhe é direito: trevo de quatro folhas, pimenta, figas, olho grego e por ai vai.

Diferente do que imaginava, o presente não foi por conta do meu aniversário, mas pelo meu novo emprego. Nas crenças de meu primo, o patuá me livrará de todas as energias ruins que me cercarem daqui em diante, esteja onde eu estiver.

Embora eu não acredite na simbologia do objeto, amei a gargantilha somente pela sinceridade de sua chegada. "Foi com muito amor que escolhi", disse o marmanjo de 38 anos, frase que valeria qualquer presente.

Contudo, o amor e esperança dele em relação à minha carreira (coitado) despertaram algumas ideias. É incrível a forma como as pessoas se ancoram em certas crenças para tornar real um sonho. Seja nas orações, promessas, objetos ou simpatias. Sentimentos que transmitam alguma garantia de que vai dar certo tem de estar presentes.

Acredito que meu primo tenha alcançado tudo o que sempre valorizou: o amor em família e estabilidade. Ele nunca foi religioso, mas sempre acreditou em sorte, em destino e em todas as coisas que despertassem algum sentimento real baseado no desejo.

Desde então notei que o verdadeiro pregador entre pessoas e crenças é a vontade.
É a partir dela que começa qualquer tipo de realização...

Está ai meu patuá. Vou usar. Tomara que toda essa simbologia entre em atividade rotineira mesmo...

Patuá ou Talismã: Aqui se atribui virtude sobrenatural; amuleto; encanto; também se conhece pelo nome popular de mascote.

domingo, 12 de setembro de 2010

Partida de futebol

Fiquei pensando em mil formas de postar algo sobre o dia de hoje. Percebi que ainda não encontrei a maneira correta para transformar a sensação em palavras, mas tudo bem, vou tentar.

Por conta da reportagem especial da faculdade, eu e meu grupo fomos para mais um dia de gravações. Desta vez no estádio do Pacaembu, que corre risco de extinção por uma série de fatores. Tudo bem, tudo bem. Os corinthianos podem me julgar por eu ter traído meu time do coração ao tirar a virgindade de estádios bem no jogo do Palmeiras, mas uma coisa percebi: o amor pelo futebol é tão universal,  que independe de times ou torcidas organizadas. Todos estão lá pela bola rolando e os gols que estão por vir.

A paixão é tanta que a idade é o que menos importa. Você vê crianças, adultos, adolescentes e idosos (meus preferidos). Todos unidos e cantando músicas de devoção. Acho incrível a maneira como todos se amam nessas situações. As diferenças, problemas ou qualquer sentimento negativo são esquecidos. O futebol realmente move montanhas para essas pessoas.

A bola em jogo e o torcedor ansioso. A melhor forma de sentir ansiedade talvez seja essa, porque ao assistir o show da equipe ninguém espera o pior, e no fim o que realmente importa é estar presente e vibrar na alegria ou na tristeza.

É verdade. É uma espécie de casamento. Aliás, nunca vi amor tão fiel. São poucas as pessoas que conheço que trocaram de time na vida - e as que fizeram pouco sabem sobre o tema - e eu realmente entendo isso como um divórcio.

Esse tipo de amor é aquele cultivado desde criança, seja pela família, pela televisão ou pelos ídolos. Uma vez plantada, essa semente cresce e cria raízes que expandem gerações. Podem notar, a maior parte das famílias torcem para um único time. Os pais fazem questão de levar os filhos aos estádios e os avôs acompanham, com direito a pipoca, churros, refrigerante, salgadinho e amendoim. (Porque criança só sabe comer lá, hoje pude notar).

O nosso entrevistado de hoje, Mauro Beting, lembrava o dia em que foi pela primeira vez ao estádio, nos anos 70. Era fim de expediente (ele também é jornalista e deve trabalhar pra cacete), estava cansado e mesmo assim deu alguns minutos de atenção para nós. A atenção se estendeu e o cansaço foi embora quando tocou no assunto do Pacaembu. Pude perceber que chorava por dentro só de pensar que o estádio que tanto ama pode não existir mais. Entre metáforas e bucolismo ele relembrou a trajetória que o faz um dos melhores jornalistas esportivos de hoje. É muito amor.

Agora, meu timão, vou assistir um jogo seu. Prometo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dona Flor

A beleza está nos olhos de quem vê. Ou pelo menos de quem sabe enxergá-la, não é verdade?
Dona Neusa andava pelas ruas do Bom Retiro sem pretensão alguma, com toda a serenidade peculiar de seus oitenta e poucos anos, muito bem vividos por sinal. Os passos lentos marcavam o chão como se fossem toques de pétalas, as quais seriam levemente rosadas se literais.
Em meio a tantas pessoas alvoroçadas pela rotina - e os loucos por sua consequência - o caminhar da senhora despertou minha atenção e a de alguns colegas em um dia de filmagens para nosso documentário acadêmico.
" Essas pessoas passam e nem te olham. Pior que isso, querem passar por cima de você, sem pedir licença alguma", se indignou.
Claro que me virei para reparar na dona de voz trêmula, e quando o fiz, notei uma pureza semelhante a da criança que ainda não teve a (in)felicidade de conhecer o mundo.
A verdade é que todas as décadas vividas por dona Neusa não lhe renderam uma explicação sensata sobre o mundo e as pessoas que nele vivem. Mesmo assim, a esperança cansada na humanidade ainda brotava no fundo de seus olhos, clareados pela idade (ou talvez pelas imagens que já viram).
A conversa se desenrolou com facilidade. É fácil se interessar pela vida de quem ama viver. Assim dá vontade de viver também.
Meu encontro com dona Neusa já faz quatro dias e eu ainda não parei de pensar em sua doçura. Havia mais confeitaria nela do que em qualquer doceria da cidade. O cabelo branco, as bochechas avermelhadas pelo rouge e o óculos de grau combinavam perfeitamente com as sacolinhas, os passinhos e o lindo dia que fazia.
Espero revê-la em breve.

ps - A propósito, a minha vó adorou seu presente. Acho que vocês sabem muito de todas as coisas.

domingo, 5 de setembro de 2010

Passo a frente no grau de separação

A verdade é que todo mundo está pouco se importando com você. Com o que pensa, o que faz, aonde vai e com quem. Pouco se importam se está triste, feliz, irritado, satisfeito ou melancólico. (A não ser o seu gato, se é que você tem um).

Outro dia escutei de alguém “Se sente triste assim por quê? Te ver chorar é ruim e a culpa não foi sua, não é você que deveria chorar.”

Ok. Nenhum homem gosta de ver mulher aos prantos. Pelo menos é o que eles dizem às que querem comer, porque quando têm a chance de demonstrar qualquer porra de sentimento legal com gestos e atitudes, mesmo que simples, o que eles fazem – como profissionais – é derramar lágrimas (nossas, óbvio).

Já vi muita gente sofrer por amor. É o assunto clichê, em pauta desde mil novecentos e bolinha, desde sempre e para sempre. Ninguém está imune. Por isso mudei meus conceitos sobre o tema há uns cinco anos, quando empedrei meu coração pela primeira vez após uma puta desilusão. O problema é que é difícil, a recaída vem e a pedra cardiovascular se desfaz, entende.

Colocar o coração no bolso e deixá-lo bem longe da mente sempre foi meu forte, e quando resolvo diminuir a quase zero esse grau de separação é batata, a merda está feita e eu me fodo. Nós nos fodemos. E acredito que vocês homens também. Todos temos um cérebro pensante e um coração quente, a combinação perfeita para sofrer. Mas a predisposição a estragar tudo e sentirem-se bem, normalmente é só de vocês.

E no final das contas, a mulher que age de forma semelhante é a vagabunda da praça. Não pelo fato de dar pra todo mundo, mas por não se importar nem um pouco com o efeito das atitudes que toma, e isso incomoda, né? É, eu sei.

Pura bobagem. Nada que uma garrafa de vodka não resolva. É como dizem: só sofre por amor quem não tem dinheiro para beber.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Democracia inconveniente

A democracia de um Estado pode ser muito conturbada, controvérsia e, mesmo em marés calmas, manter-se em agito.

Aliás, como podemos chamar de democrático um governo onde o voto é obrigatório e o direito de resposta não é respeitado? Claro, para ser cidadão você deve pagar seus impostos, votar, enfim, estar de acordo com todos os trâmites burocráticos da sociedade, mas, como em todo relacionamento há uma reciprocidade, o cidadão DEVERIA receber em troca um sistema de saúde de boa qualidade (SUS), educação e comida, no mínimo. Pena que não é o que acontece, pelo contrário, tanto o cidadão inadimplente, quanto o regular com suas contas estatais tem de pagar um sistema de saúde e educação independentes da pátria amada, que não cumpre seu dever. Os que não podem pagar? o resultado você pode ver no ensino público, oferecido pelo governo.

Será que esse ensino não causa vergonha aos governantes? Tanto deve ser, que professores da rede pública e estadual não podem dar depoimentos à imprensa, caso contrário, são exonerados do cargo.

Censura?


...E a democracia?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Leite Derramado

'Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua orgiem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas, e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa de sua feiura.'

- Trecho do livro Leite Derramado, de Chico Buarque.

Acho que Chico conseguiu retratar em palavras o sentimento universal que é o ciúme, além de todos os entraves que ele engloba.

Realmente, ao nascer não pode ser chamado de ruim, já que a causa de sua origem veio para o bem, o bem querer.

Não me considero uma pessoa ciumenta - talvez nunca tenha gostado o suficiente para alcançar esse sentimento - mas ao ler o livro senti vontade de me descabelar de ciúmes entre tantos outros sentimentos que ele aborda. Recomendo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Todos conectados

Uma rede banda larga com conexão tão rápida quanto a de vinte mil residências em um único lugar. Pode até parecer um sonho para qualquer internauta apaixonado por tecnologia, com exceção aos que participaram da Campus Party 2010. Esses puderam desfrutar dos mais novos adventos tecnológicos à base de um clique.


O evento reuniu pessoas dos quatro cantos do País, algumas delas dispostas a acampar no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Com seus computadores de última geração, os jovens, adultos, e até mesmo quem estava a trabalho, tiveram a oportunidade de compartilhar arquivos e dados a toda velocidade, além de discutir trabalhos relacionados à web em busca de um mesmo objetivo: descobrir as tendências da tecnologia.

Segundo o diretor de tecnologia da Campus Party, Polkan Garcia, é o sistema de fibras ópticas que proporciona tal qualidade ao serviço. “Os equipamentos da Telefônica junto aos de UTP – usados para criação de redes baseadas em fios – são instalados dentro de cada torre do recinto. São quase 16 quilômetros de fibras ópticas em cada uma delas que levam a conexão aos switches com velocidade de dez gigas”.

Entusiasmado, Polkan explica que cada mesa possui duas fibras ópticas, o que é capaz de conectar 70 pessoas simultaneamente de forma segura, já que há uma monitoração de tráfego malicioso por um aparelhamento detector de problemas em qualquer local do Centro. “Controlamos tudo o que entra e o que sai da rede”, continua o diretor.

Depois de conectados, os próprios campuseiros utilizam a rede para instalar programas que dão oportunidade de compartilhamento de dados e arquivos. Assim os jogos, filmes e diversos tipos de trabalhos são dispostos em pastas que todos têm acesso. “O que temos aqui é um incentivo ao aprendizado e conhecimento”, afirma Leandro Ferreira, instrutor de informática e frequentador da Campus Party há três anos.

Conhecimento

Em sua terceira edição, a Campus Party não se contenta em agradar apenas aos que gostam de compartilhamento, downloads e jogos. Durante os sete dias de duração há palestras, workshops e demonstrações reais de conteúdo da internet.

Os usuários criam espaço para debater os melhores meios para o próprio trabalho, como a palestra sobre blogs, ou a de redes sociais e mobile marketing. “Acredito que quem aproveita o evento a fundo é aquela pessoa que, além de baixar jogos e dados, tenta participar das palestras, compartilha o que aprendeu e repassa para todos quando o evento chegar ao fim. Este é o intuito da Campus Party”, conta Brunno Constante, moderador da palestra sobre o fim do Mp3.

Dessa forma, a estrutura é oferecida pelos organizadores, mas o desenrolar do evento fica a critério dos campuseiros. O sucesso pode ser definido somente depois dos sete dias de Campus Party. As principais tendências, ferramentas e dicas de uso são lançadas, o que perdura ou não depende da divulgação do público.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Milhões de comparações

Posso não ter uma idade avançada, mas creio que já vivi muitas coisas que outros nesta condição não puderam desfrutar. Certo, dê nome aos bois, Rivka (e foco para a escrita). Falo sobre o foco porque ouço essa frase com frequência rotineira, tanto para mim quanto para os outros colegas de trabalho. Whatever. Voltemos ao assunto.

Exemplos?

Entre as esquinas femininas de São Paulo cruza-se a Augusta, que saudade! como diria Tom Zé.
Descendo a vaidosa e remendada rua com a finalidade de fumar meu cigarro em paz e na chuva, eu a encontro: Sabrina Milhões.
Tão vaidosa quanto a própria rua, Sabrina, de vinte e poucos anos, não poderia encontrar peculiaridade em outro local senão lá.
Alta, da mesma forma que a rua é comprida, magra, da mesma maneira que a rua é estreita e um pouco remendada, se comparada aos buracos.
Me pede um cigarro, o acende pulando. Nunca entendi essa mania de garotas de programa. Ou dão pulinhos, ou mexem nos cabelos, ou levantam os seios...Enfim. A conversa começou a se desenrolar.
Pergunta para quebrar o silêncio desconfortável. 'Está começando?' 'Eu tô gata!', responde palpitando o decote.
'Vou ficar até as seis da manhã hoje, gata. Não tô muito afim hoje não. Tô desanimadinha, sabe'.

Sei?

Sabrina Milhões. Milhões de palavras, gestos e efusividade em diversos sentidos. Com isso ela prendeu minha atenção e despertou meu interesse sobre alguns fatos de sua profissão, que tão (des)reconhecida como a minha, há muito em comum.

Noites mal dormidas, muito cigarro, muito café e falta de paciência (falando em falta, notei que a de dinheiro é só na minha, nunca na dela).
Liguei os pontos na minha cabeça e comparei seus clientes com o meu editor-chefe enquanto ela contava 'o que eles gostam, quando eles brigam ou quando ficam insatisfeitos.' Pf.

A comparação foi além quando começou a me falar de suas amigas. 'Conheci muita gente que mantenho contato até hoje...'

'Fudeu', pensei.

E, por fim, me assustei ao ouvir palavras roucas: 'Mas o que eu ainda quero fazer na minha vida é a faculdade de jornalismo. Sou apaixonada por jornalismo e quero ser repórter.'

Meu Deus, dou risada ou choro?