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terça-feira, 14 de junho de 2011

Situação limite

Situação limite.
É aquele tipo de coisa que acumula, acumula e acumula até a hora em que toda a meleca explode e suja até a dona Joana, que só estava atravessando a rua na hora errada e não tinha nada a ver com os problemas da jovem inquieta que mora ao lado.

Foi assim. Notei que minhas energias estavam concentradas em resolver os problemas alheios, mas nunca os meus. É verdade, elas estavam no modo automático e eu já não conseguia me impor como antes. Percebi, então, que algum botão havia quebrado.

Como todo bom brasileiro, Macunaíma fervoroso, parei para consertar quando já não tinha mais conserto. Só um novo poderia me fazer voltar às atividades.

Então resolvi parar e pensar – atitude que o botão no automático se encarregava de realizar ultimamente. Nesse tempo reparei que meu saco estava bem cheio, situação limite que ocasionou toda a bagunça da explosão.

Já havia parado com a dança para trabalhar, com o francês para dar atenção ao namorado, com as saídas noturnas para fazer frilas e com todo o restante que gostava de fazer para me basear no politicamente correto. Aquilo que é tão bonito aos olhos dos outros, mas que te atrofia por dentro.

Como o troco de todo ser manipulado é o mesmo, comigo não foi diferente. Estava cabisbaixa, emagrecendo, empalidecendo e amarelando.

Ou seja, bela bosta, né? De que me adianta ter a maior janela se não estou em casa para apreciar o pôr do sol? De que me adianta ter um belo pássaro na mão se a beleza está no bater das asas?

Foi aí que percebi que estava andando certo por linhas tortas, ou vice versa, estava parada na mesma. Larguei tudo. Tudo mesmo. Sem dó nem piedade.

Dei tchau pro meu chefe e fui pra montanha. Mandei o namorado ir (por gentileza) à merda e soltei o clichê “antes só do que mal acompanhada”. E o melhor de tudo: enchi a mão e dei um tapa bem gostoso na cara daquela sociedade sufocante, hipócrita e antiquada.

É... Aquela roupa já não me servia mais.

O necessário pode se resumir ao afeto, à amizade, ao respiro, a um milhão de coisas. Mas a verdadeira base que precisamos na vida está na LIBERDADE.

E agora, com que roupa eu vou?

3 comentários:

  1. "Aquilo que é tão bonito aos olhos dos outros, mas que te atrofia por dentro."

    Pois é, antes de passar por aqui estava pensando nisso. Parei de ser feliz quando segui receita de bolo. A fórmula mágica consiste em não haver fórmulas!

    bjs!

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  2. li e lembrei dessa música: http://www.youtube.com/watch?v=Dv6IkNTfOro&feature=related

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